Guimarães: uma visão de futuro

Inicio esta colaboração com o semanário O Comércio de Guimarães honrado pelo convite, e com a responsabilidade acrescida de preencher um vazio deixado por António Mota Prego,

que recentemente cessou a colaboração nesta coluna. Trata-se de um ícone da resistência, protagonista da democracia, uma voz ponderada, moderada e determinada dos valores socialistas, da esquerda social, solidária, democrática e europeísta, e um dos mais destacados militantes do Partido Socialista das últimas cinco décadas, que serviu Guimarães e o País em praticamente todos os patamares possíveis.

É, pois, uma missão impossível substituí-lo, mas, com toda a minha determinação, procurarei dar um contributo que se inspirará no seu percurso e no espaço político comum que partilhamos. Entendam isto como uma declaração de princípios do que podem de mim esperar, que se alicerça na minha visão de futuro sobre Guimarães, e que recorre aos muitos que ajudaram a construir o presente e a semear caminhos futuros.

Guimarães é hoje um território que assenta o seu desenvolvimento no triângulo da cultura, educação e ciência e assume transversalmente a sustentabilidade ambiental como alicerce de todas as políticas públicas. Esta simples
formulação encerra em si a multiplicidade de prioridades que fazem deste um território distinto, qualificado e de grande qualidade de vida, com cidadãos mais preparados, inclusivos, e uma Economia com valor acrescentado e poder de diferenciação.

A transversalidade da sustentabilidade ambiental, reflete-se em políticas públicas comprometidas com a neutralidade carbónica, com a ecologia e com a defesa do planeta, envolvendo agentes económicos e cidadãos.

O desenvolvimento através da Cultura, nesta Cidade Europeia de Cultura e Património da Humanidade, está na diversidade e riqueza da sua programação cultural, nas condições ímpares para criadores desenvolverem a sua atividade: da formação às infraestruturas, passando pelos instrumentos financeiros.

Na vertente da Educação, o território afirma-se através de um projeto educativo inclusivo e equitativo, capaz de acolher formação bilingue, e que está atento à diversidade cultural que o universo das 100 nacionalidades que hoje nele
residem exige.

A colaboração modelo entre Autarquia e Instituições de Ensino Superior, com investimento público convicto na Universidade do Minho, IPCA e UNU como motores de diferenciação e qualificação dos vimaranenses, da sociedade e da
sua economia, é o exemplo maior da aposta da Ciência.

A este presente, que aprofundamos continuamente, importa acrescentar, com entusiasmo, visão de futuro e desafios coletivos em quatro grandes linhas de ação: Inovação, Habitação, Mobilidade e Internacionalização.

Guimarães pode e deve afirmar-se como Cidade de Inovação. O ecossistema científico continua a robustecer-se, e será fundamental alavancar esta estratégia para continuar a transição económica e qualificar os empregos criados, destacando dois projetos centrais nesse objetivo: a Fábrica do Futuro e o Guimarães Space Hub.

O primeiro como centro nevrálgico da transferência do conhecimento do tecido científico para o tecido económico, com investigação de ponta e registo de patentes, e o segundo como elemento decisivo no posicionamento de
Guimarães como capital nacional do Aeroespacial, com formação superior na área, e centros de inovação que conjuguem os esforços do Município, Universidade do Minho e CEIIA.

Nessa visão de futuro, há desafios imediatos que temos de continuar a trilhar, com soluções inovadoras e transformadoras da realidade, para problemas globais como a Habitação e a Mobilidade, através de respostas
crescentemente eficazes e decisivas, sem descurar possibilidades como o cooperativismo.

Por fim, a Internacionalização, consequência do até agora expendido, e reforçada por uma ação concertada de posicionamento, presença e investimento na projeção de Guimarães, na sua visibilidade externa e
promoção turística.

Uma visão de futuro em Guimarães precisa da convicção das apostas do passado recente, e da ambição de novos horizontes. Será a esta ambição que voltaremos nos próximos artigos.

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