Indústria do calçado está optimista na retoma após "ano difícil" de 2023

O sector do calçado está confiante na retoma, após o ano de 2023 ter sido "difícil" e com abrandamento da actividade que teve impacto no funcionamento de várias empresas.

Tanto a APICCAPS, a associação do calçado, como o Sindicato do sector mostram-se optimistas na recuperação e no desempenho desta indústria, em que a qualidade do que produz surge como marca diferenciadora perante a concorrência sobretudo do mercado asiático.

Paulo Gonçalves, director de comunicação da APICCAPS, não esconde que "2023 foi difícil para o sector, terá sido o pior ano para muitas das nossas empresas, mas a verdade é que todos os sinais sugerem que 2024 será melhor". "Países estratégicos para o calçado português como a Alemanha e a França poderão ter algum crescimento já este ano", afiançou, ao vincar a confiança no aumento das exportações, com um Plano Estratégico até 2030 com um investimento de cerca de 600 milhões de euros, o maior investimento da história da indústria do calçado em Portugal".

"É a maior prova de confiança para que o sector permaneça na vanguarda e seja competitivo. Queremos criar riqueza para o País, aumentar as nossas exportações e assim teremos melhores condições para os trabalhadores, contribuindo para o equilíbrio do País", justificou, convicto de que 2024 será ano de retoma.

Contactada pelo nosso jornal, Aida Sá, dirigente sindical do Sindicato do Calçado, com sede em Guimarães, reconheceu que o sector "está a passar uma crise sem precedentes, com algumas insolvências". Porém, salientou, "acreditamos que é uma fase e que tudo isto vai passar porque o sector do calçado, em relação aos outros, tem estado sempre em grande". 

Há 32 anos a laborar numa empresa de calçado, a sindicalista considerou que as condições de contexto após a Covid-19 "abalou a indústria". "Saímos da pandemia e não havia tantas encomendas. Mas, o calçado tem estado sempre numa fase muito alta. Isto vai melhorar, tenho a certeza que sim".

"O calçado português é sempre português! No Sindicato, recebemos muitos telefonemas de empresas interessadas em contratar pessoal. Estamos a atravessar uma fase. Isto vai regressar em grande, o nosso produto distingue-se pela qualidade. Os nossos sapatos até podem ser caros, mas são bons", avaliou Aida Sá, ao encarar com confiança o cenário actual.

O optimismo quanto ao futuro leva o Director de comunicação da APICCAPS a salientar: "o calçado é um dos nossos principais embaixadores. Portugal exporta todos os anos mais de 90 por cento da sua produção, actualmente para mais de 170 países, nos cinco continentes. O sector tem procurado evoluir, modernizar-se, criar novas competências.

Recentemente apresentamos o Plano Estratégico até final da década e temos como grande ambição tornar a indústria portuguesa uma das grandes referências a nível internacional".

Reconhecendo "o período conjunturalmente complexo, em virtude do sector exportar praticamente a totalidade da produção e os mercados estarem em situação económica limitada, continuamos a acreditar no futuro do sector e a investir nele, porque existem todas as condições para que a nossa indústria seja competitiva nos mercados externos".

"Existe uma grande tradição em Portugal de fazer calçado muito bem feito. Temos consciência que, por vezes, competimos com situações perfeitamente desiguais, todos os anos a nível internacional são produzidos 24 mil milhões de pares de sapatos, quase 90 por cento na Ásia, ou seja, nove em 10 pessoas usam calçado asiático. Não só não é razoável, como não é sustentável, um único continente ter um peso tão expressivo na produção de calçado. Aliás, um único País, a China, tem uma quota de produção superior a 55 por cento", apontou, ao revelar que nos mercados internacionais a indústria portuguesa não compete com as mesmas condições. "São exigidas às empresas europeias condicionantes ao nível da sustentabilidade e responsabilidade social, condições que não são exigidas em outros países", precisou, acrescentando que a indústria está apostada no investimento "na qualificação das empresas e dos trabalhadores, para a produção de calçado de grande qualidade e duradouro". "Se fizermos sapatos de qualidade e que durem muito tempo, estamos a contribuir para um planeta melhor", disse, vincando: "a nossa ambição é produzir calçado extraordinariamente bem feito e que seja apreciado em todo o mundo".

 

Foto: Apiccaps

terça, 20 fevereiro 2024 10:23 em Economia

Marcações: indústria calçado

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